Mercado de transformação digital avança, mas tem muito a crescer
Por Delcy Mac Cruz
Situação abre oportunidades ao ampliar demanda por serviços como computação na nuvem.
Crédito da imagem: Freepik
As empresas brasileiras avançam na implantação de elementos tecnológicos como computação na nuvem, mas o ritmo é considerado mediano.
Para se ter ideia, no tocante ao progresso de transformação digital a média das empresas no país é de 3,3, levando em conta uma escala de 1 a 6.
Os dados integram o Índice Transformação Digital Brasil (ITDBr), criado pela PwC Brasil e pela Fundação Dom Cabral (FDC) para medir o nível de maturidade das empresas (acesse o índice aqui).
Geração de oportunidades
Apesar do resultado, o índice geral revela, por exemplo, oportunidades no mercado de elementos tecnológicos para a Indústria 4.0, entre eles o já citado computação na nuvem.
Mas tem mais. Essas oportunidades se abrem no Brasil e o ritmo dessa demanda depende do avanço da maturidade digital das empresas medido pelo índice.
Para entender melhor sobre o índice, detalhamos ele em tópicos, já que avalia a maturidade das empresas participantes em dez dimensões digitais.
São elas: estratégia, governança, processos digitais, pessoas e cultura, infraestrutura, decisões orientadas por dados (data-driven), estratégia de tecnologia, inteligência artificial, clientes digitais e fronteiras tecnológicas.
Cada uma das dimensões tem pontuação que irá gerar o índice médio.
Confira cada uma das dimensões, com avaliação dos responsáveis pelo ITDBr.
1 - Estratégia: como fazê-la de forma eficaz
“Uma estratégia digital eficaz se inicia com um claro mapeamento de oportunidades e uma visão de futuro tanto para a empresa, quanto para o negócio digital.
Isso inclui a criação de um plano inicial de 100 dias, além de uma estratégia para o curto, médio e longo prazos, identificando as tecnologias necessárias para concretizar essa visão de futuro digital.”
2 - Governança precisa de sólidos mecanismos
“O sucesso da transformação digital pode ser alcançado com base na implementação de sólidos mecanismos de governança e gestão”, orientam os realizadores do trabalho.
Essa estrutura envolve a criação de fóruns e comitês, definição de métricas de acompanhamento e iniciativas focadas na gestão de pessoas, mudanças e parcerias.”
3 - Processos digitais exigem soluções internas e externas
“A justificativa para a transformação digital está na capacidade de criar negócios e gerar receitas adicionais com base em produtos e serviços digitais.
Para isso, é essencial gerar valor tanto internamente - com a digitalização das áreas de negócio e operações e melhoria de indicadores de eficiência - quanto externamente, atraindo novos clientes e parceiros.
A organização precisa desenvolver processos e soluções internas e externas que garantam esse sucesso.”
4- Pessoas e cultura: é preciso desenvolver líderes
Relato dos organizadores: “a promoção de uma cultura voltada para a transformação digital deve ser prioridade. Isso envolve o desenvolvimento de líderes a conectar negócios e tecnologia e a criação de uma plataforma on-line de treinamento para disseminar conhecimento em todos os níveis organizacionais.
A estrutura organizacional deve ser ágil, encorajando a experimentação e facilitando a colaboração entre diferentes setores.”
5 - Infraestrutura: tem que ser sólida
“Uma infraestrutura sólida representa a base tecnológica da organização.
Ela integra ativos digitais essenciais para o emprego de analytics e inteligência artificial (IA), além de envolver o investimento em tecnologias, como cloud computing e a automação e o desenho de processos digitais para o fluxo de informações da organização.
O objetivo é melhorar e inovar continuamente, gerando valor para a jornada do cliente.”
6 - Decisões orientadas por dados (data-driven): sem intuições
“Abordagem organizacional na qual decisões são tomadas com base em dados e análises, em vez de intuições, percepções ou experiências pessoais.
Uma organização com uma cultura data-driven valoriza e utiliza informações e métricas para orientar estratégias, operações e avaliações de desempenho.”
7 - Estratégia de tecnologia: o que ela deve definir
“A estratégia tecnológica deve definir as prioridades para a arquitetura tecnológica da empresa, estabelecendo prioridades que suportem a estratégia do negócio e buscando suportar movimentos incrementais ou disruptivos.”
8 - Inteligência artificial: quando ela eleva a eficiência
“Integrar a inteligência artificial em diversos processos, sistemas, produtos e serviços pode elevar significativamente a eficiência operacional e estratégica da organização.”
9 - Clientes digitais: concentre esforços neles
“É importante concentrar esforços na coleta e análise de dados de clientes provenientes de diferentes canais, como mídias sociais, para desenvolver estratégias personalizadas que melhorem a experiência do cliente.”
10 - Fronteiras tecnológicas
“Explorar inovações que estão na fronteira tecnológica, inclusive em áreas como nanotecnologia, blockchain, 3D e robótica e cloud computing, pode revolucionar setores inteiros e impulsionar avanços significativos, ultrapassando os limites do conhecimento atual.”
Perfil dos participantes:
Faturamento anual dos participantes
Transformação digital vai além dos produtos
“Quando começamos a trabalhar na metodologia do índice, ficou claro que muitas organizações ainda precisam esclarecer o que é transformação digital”, destaca Denise Pinheiro, sócia e líder de Transformação Digital da PwC Brasil, na apresentação do ITDBr (leia aqui).
“Algumas [organizações] veem [a transformação digital] apenas como produtos de tecnologia, o que revela a necessidade de ampliar essa discussão no mercado.”
Denise: “com o ITDBr, podemos ajudar as organizações a entender onde elas estão posicionadas nessa jornada de transformação e o que precisam fazer para avançar.”
Na mesma apresentação, Hugo Tadeu, diretor do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral (FDC), destaca: “muitas organizações têm vinculado a agenda da transformação digital somente aos avanços de tecnologias modernas. É preciso entender claramente qual é o problema do negócio, a disponibilidade para investimentos, qualificação das equipes e o perfil do diretor digital.”
Vai além: “mais importante ainda é criar uma disciplina para estabelecer processos digitais, alinhados com a alta liderança, demandas de clientes e novas habilidades nas pessoas.”
“A criação do índice tem este objetivo, isto é, trazer o devido entendimento para o mercado brasileiro sobre o que realmente é e não é digital, além de um hype usualmente propagado no mercado nacional”, emenda.