Com mais de 15 milhões de profissionais, área rural entra no radar dos assistentes virtuais
Com mais de 15 milhões de profissionais, área rural entra no radar dos assistentes virtuais
Proposta de empresas privadas e públicas é fazer do chatbot o braço direito de quem trabalha no campo
Imagem: Pressfoto na Freepik / Delcy Mac Cruz
Depois do setor de energia elétrica e do comércio eletrônico, entre outros, os assistentes virtuais - chatbots - querem virar o braço direito do produtor rural.
Trata-se de um universo gigantesco, afinal o Brasil dispõe de 5 milhões de estabelecimentos rurais, segundo o IBGE, operados por 15,1 milhões de profissionais.
Atentas a esse universo, empresas privadas e públicas investem para inserir ferramentas da inteligência artificial.
Para Whatsapp
Veja o caso da Embrapa Arroz e Feijão, localizada em Goiás.
Juntamente com a startup de IA AZap.ai, ela criou o RAImundo, chatbot para Whatsapp.
“Sou um assistente virtual criado para ajudar produtores rurais e agentes do campo a obter informações rápidas e confiáveis sobre agricultura, como dicas de manejo, cotações de preços e orientações”, define-se o RAImundo.
O chatbot foi criado para dar acesso a conhecimento e tecnologia de ponta ao produtor de forma barata e fácil, afirmou ao jornal Valor Miguel Novato, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão que liderou a criação da IA.
Controle a partir de áudios
Assim como a Embrapa, a Syngenta Digital, estrutura global de tecnologia e serviços digitais da Syngenta, passou a integrar IA ao seu software de gestão Cropwise Balance.
A partir de agora, relata a empresa, a complexa tarefa de controle de insumos e custos pode ser feita por meio de áudios no WhatsApp.
Com isso, destaca, a iniciativa busca solucionar um problema crônico do setor: a falta de controle financeiro, que pode comprometer a rentabilidade em até 30% de uma propriedade agrícola.
A realidade do campo, com escassez de mão de obra e sistemas complexos, leva muitos a desistirem do controle detalhado.
“Essa lacuna resulta em uma gestão feita ‘no escuro’ e com alto risco de prejuízos. A falta de disciplina no controle de insumos, por exemplo, leva a cenários caóticos durante a safra. A perda de produtos por vencimento ou a compra emergencial a preços altos são problemas frequentes, e os ajustes de estoque na casa dos milhões são mais comuns do que se imagina”, destaca Bruno Muller, Head de Serviços de Agricultura Digital da Syngenta.
Exemplo de caso recente citado por ele: “um cliente precisou ajustar R$ 13 milhões em estoque, o equivalente a 62% do custo de sua safra de soja. Em outras palavras, um alto valor em produtos cujo destino exato é desconhecido. Com o software, esse tipo de ajuste passa a ser integrado automaticamente desde a origem”.
Pioneiro no setor
A Grão Direto, plataforma digital de comercialização de grãos, aposta desde 2024 no AIrton, ‘consultor digital’ cuja função é agilizar as negociações entre produtores compradores de grãos e que acompanha o mercado em tempo real.
O AIrton “entende” mensagens de voz dos produtores e até envia áudios ao longo do acompanhamento diário do mercado com análises gravadas por especialistas da Grão Direto, relata a empresa.
Seja o AIrton, o RAImundo e o software da Syngenta, os três - e outros que virão - estão ao alcance do produtor rural, independente se é grande ou pequeno, para acompanhar o mercado e tomar decisões mais seguras.
