Como a capital paulista se prepara para aposentar os ônibus a diesel

Como a capital paulista se prepara para aposentar os ônibus a diesel

Aposta é pela substituição por veículos elétricos, o que movimenta também o setor eletroeletrônico

Foto: Elisa Rodrigues SPTrans / Delcy Mac Cruz

 

A capital paulista tem pressa em sua transição energética no transporte público. 

Por conta da lei vigente desde 2018, o município possui prazo até 2038 para reduzir em 100% a emissão de dióxido de carbono (CO2), um dos principais responsáveis pelos gases de efeito estufa (GEEs), causadores do aquecimento global. 

Segundo a Lei, de número 16.802, operadores dos serviços de transporte coletivo e de coleta de resíduos deverão promover a redução progressiva das emissões de CO2 por meio do uso gradual de combustíveis e tecnologias mais limpas e sustentáveis. 

A estratégia para cumprir a legislação é trocar a frota, hoje em sua maioria movida a óleo diesel, por veículos elétricos. 



Sistema de transporte é dos maiores do mundo

A substituição de modelos a diesel por elétricos gerou expectativas não só entre montadoras de veículos, mas em todo ecossistema, o que inclui o setor eletroeletrônico. 

Afinal de contas, recarregar as baterias dos eletrificados exige uma estrutura inexistente em garagens cujos ônibus são abastecidos por bombas do combustível fóssil. 

A substituição gradativa ganha destaque pela sua proporção, já que São Paulo tem um dos maiores sistemas de transporte público por ônibus do mundo, transportando, em média, 7,3 milhões de passageiros por dia útil, em 13 mil veículos e 1.347 linhas.

 

Como começou a transição

Em atendimento a legislação, a prefeitura anunciou que, até o fim deste 2024, o município de São Paulo vai renovar 10% de sua frota de ônibus com a aquisição de aproximadamente 1,3 mil ônibus movidos exclusivamente a bateria.

Se cumprida a renovação anunciada até dezembro próximo, os novos veículos evitarão a emissão de aproximadamente 63 mil toneladas de CO2 equivalente/ano na atmosfera. 

 

Busca de recursos financeiros

Para adquirir 2,6 mil modelos elétricos, o que equivale a 20% da frota total de ônibus, a Prefeitura estima em um investimento de R$ 8 bilhões, dos quais R$ 2 bilhões, relata, serão aportados pelas concessionárias de transporte público.

Os R$ 6 bilhões restantes ficam a cargo da da administração municipal, por meio de financiamento pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Mundial, Banco do Brasil, Caixa, além do BNDES, destaca texto da Agência BNDES em outubro de 2023. 

Aliás, o BNDES entra com R$ 2,5 bilhões por meio do BNDES Finame Direto, tradicional produto do Banco que financia a aquisição e a comercialização de máquinas e equipamentos de fabricação nacional.  

 

Barreiras no meio do caminho 

Por sua vez, além da pressa para viabilizar as metas, o programa municipal enfrenta barreiras como a estrutural. 

É que falta infraestrutura de carregamento das baterias dentro das garagens, como destacado em reportagem de maio último pelo Diário do Transporte.

Essa falta também se dá nas redes de distribuição dos bairros, que “não dão conta da tensão de energia exigida quando há uma quantidade maior de ônibus carregando ao mesmo tempo.”

Na reportagem, em nota ao Diário do Transporte, a SPTrans, que faz a gestão do transporte público, afirmou que está mantida a meta de troca de 20% da frota de ônibus a diesel por modelos não poluentes até o fim deste ano de 2024, o que daria os 2,6 mil coletivos anunciados pela prefeitura. 

 

Aposta em renovação massiva

As metas para atender a legislação vigente também são defendidas pela SP Negócios, agência de promoção de investimentos e exportações do município. 

Em entrevista em julho último para a CNN Brasil, Michael Cerqueira, diretor de investimentos da agência, defendeu a renovação massiva da frota de ônibus da capital paulista. 

Segundo ele, a renovação da frota vai se refletir na preservação ao meio ambiente, mas, também, na melhora da qualidade do serviço prestado.