Acordos comerciais são estratégicos para a indústria eletroeletrônica, afirma Sergio Vale

Acordos comerciais são estratégicos para a indústria eletroeletrônica, afirma Sergio Vale

Economista está entre os palestrantes do 1º Congresso da Indústria Eletrônica a ser realizado dentro da programação da FIEE

Imagem: Divulgação/MB Associados  /  Delcy Mac Cruz 

A FIEE, única feira de negócios no Brasil que apresenta equipamentos, produtos, soluções e tendências em instalações elétricas e eletrônicas, terá, na edição deste ano, o 1º Congresso da Indústria Eletroeletrônica.

Serão três dias de conteúdos com especialistas e grandes nomes do setor, com programação entre 9 e 11 de setembro, em um palco 360º com destaque dentro da FIEE, que será realizada entre 09 e 12 de setembro no São Paulo Expo.

 

Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, integra a lista de 39 palestrantes do Congresso.

 

Em entrevista ao blog da FIEE concedida em 19 de agosto, Vale, que também é pesquisador do IEA-USP, comenta, entre outros temas, sobre como a indústria nacional de eletroeletrônicos deve se comportar diante da concorrência do comércio online e dos importados.  

Qual a situação da indústria eletroeletrônica diante da realidade global?

 

Sergio Vale - A questão da indústria no Brasil está em um momento delicado. Estamos em um cenário de guerra tarifária, diante da qual a indústria é o setor que mais sofre.

Temos relativa baixa competitividade. Então, é um cenário em que precisamos ampliar nossa abertura lá fora por meio de acordos comerciais cada vez maiores para conseguir aumentar a produção industrial.

Esse é o melhor caminho que a indústria pode ter. A teoria e a prática têm mostrado que se consegue aumentar a participação industrial se você fizer acordos com quem é mais rico do que você.

Fazer acordos com quem é mais pobre é bom para quem é mais pobre, mas não necessariamente para você.

Nesse sentido, acelerar o acordo com a União Europeia seria muito importante.

 

A seu ver, como os empresários da indústria eletroeletrônica no Brasil devem agir em termos de investimentos?

 

Sergio Vale - A gente tem desafios muito evidentes, muito claros por conta, especialmente, da questão fiscal. Mas o Brasil têm ativos muito importantes. Temos quatro ativos que são demandados pelo mundo: as commodities agrícolas, mineração, petróleo e agora a questão das terras raras.

Esses ativos, que somam entre 40% a 45% do PIB, estão gerando crescimento e seguirão gerando expansão nos próximos anos. E isso acaba gerando demanda para a economia brasileira [o que também integra a indústria eletroeletrônica].

Se continuarmos seguindo reformas importantes, conseguiremos crescer entre 2% e 3% todo ano, que para um país já maduro como o Brasil, é uma taxa de crescimento bastante respeitável.

O Brasil é um país de população elevada, de classe média alta, e está em um momento geopolítico positivo. Enquanto o mundo piora, do ponto de vista geopolítico, e aqui, na América do Sul, no qual não temos conflitos de fronteiras, ninguém quer invadir o Brasil, não tem questão nuclear envolvida, a gente está em um cenário geopolítico tranquilo. Se conseguirmos enfrentar a questão fiscal em 2027, teremos um caminho interessante pela frente.

 

O consumo de eletroeletrônicos mostra resiliência e até crescimento no Brasil, mesmo com a crescente participação do comércio online e da concorrência com importados. Como a indústria nacional deve se comportar diante dessa realidade?

 

Sergio Vale - O Brasil tem uma participação crescente no comércio online, que é inevitável e que continuará nos próximos anos. Assim como a presença dos importados cada vez maior da China. Será difícil evitar esse processo.

O que vimos ocorrer ao longo da história, de produtos eletroeletrônicos de base muito forte da Europa e dos EUA, do Japão e da Coreia, veremos agora, com intensidade, da China.

Temos uma relação comercial mais forte com os chineses, então teremos cada vez mais a entrada desse país adicional vendendo mais e mais no Brasil. Isso reforça a ideia de que precisamos nos tornar mais competitivos.

A reforma tributária traz um pouco desse papel, deverá ajudar bastante a indústria nesse sentido [de reforçar a competitividade].

Se fizermos mesmo a reforma fiscal em 2027, teremos um cenário potencial positivo de exportação com um cenário doméstico também positivo. Isso criará um ambiente positivo para a indústria.

Mas, claro, depende cada vez mais desse investimento, de ampliar a presença no mercado doméstico e, para planejar aumento da exportação, um caminho é fazer acordo comercial. Não tem escapatória: teremos de aumentar os acordos que conseguirmos para ampliar a base de exportação e de comércio industrial. 

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