Por que a guerra dos semicondutores está longe de aliviar a indústria eletroeletrônica nacional 

Por que a guerra dos semicondutores está longe de aliviar a indústria eletroeletrônica nacional 

País tem produção local limitada do insumo

Crédito da imagem: Mathew Schwartz na Unsplash  /  Delcy Mac Cruz

Considerados a espinha dorsal de segmentos da indústria como a automotiva, de tecnologia da informação e comunicação, os semicondutores são personagens principais de guerra tech entre EUA e China, players na produção do insumo.

Vale lembrar que não é de hoje que americanos e chineses viram as costas um para o outro quando se trata desses materiais cuja função é conduzir corrente elétrica.

Entretanto, a situação ganhou ares de guerra por conta da pandemia de Covid, com gargalos na produção que resultaram em escassez e preços que não param de subir. 

 

Cada um por si - Para contornar o estresse na oferta diante um mundo que retomava a normalidade pós pandemia, cada bloco ou país se virou por conta.

 

Na Europa - Em 2022, a Comissão Europeia anunciou aporte de quase US$ 50 bilhões para sua indústria de semicondutores, com a meta de ampliar a participação do bloco na produção global, relata Rodrigo Andrade em artigo no portal do Ipea.

 

Coreia do Sul - O país aprovou, em 2023, projeto de lei, o K-Chips Act, para impulsionar a indústria local de circuitos integrados, com isenções fiscais para estimular as empresas.

 

Estados Unidos - Ainda em 2022, o governo americano sancionou projeto para destinar US$ 200 bilhões até 2027 em pesquisa, desenvolvimento e fabricação doméstica de semicondutores. Isso para não falar em subsídios à construção, expansão e modernização de parques fabris, como destaca o artigo de Andrade.

 

Perda de mercado - Os EUA têm pressa nisso tudo. Afinal de contas, eles perdem espaço na produção de semicondutores desde os anos 1990. “A participação do país na fabricação de chips caiu de 37% para 12% nas últimas três décadas”, relata o artigo a partir de dados da Associação das Indústrias de Semicondutores dos Estados Unidos (SIA).

 

Avanço - Ao mesmo tempo que perde presença, os EUA veem aumentar a capacidade produtiva de semicondutores por nações como China, Coreia do Sul, Japão e Taiwan. “Atualmente, quase 70% da produção mundial de circuitos integrados se concentra nesses quatro países”, relata.

 

Batalha em ritmo acelerado

A guerra tech entre americanos e chineses ganha capítulos sequenciais, com direito à influência política tanto de um como de outro país.

Sendo assim, não há luz no fim do túnel.

 

Contudo, no meio disso está o Brasil.

 

Produção limitada - A presença produtiva de semicondutores no Brasil é considerada limitada. Em 2023, o país tinha 11 empresas na cadeia de fabricação, porém no back end (etapa final da produção), relata publicação de plataforma ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovação.

 

Articulações - Vale destacar que tratativas para fabricantes locais saírem do back end e ir para produção total estão em curso.

É o caso de articulação na qual os EUA discute cooperação para investir na cadeia de suprimento brasileiro para que ela seja fornecedora preferencial do mercado americano (leia mais a respeito aqui).

 

Políticas públicas - Ainda na esfera pública, a cadeia eletroeletrônica vive na expectativa pela aprovação do PL 719/2024, que prorroga as Leis de TICs e do Padis.

Esse PL mantém integrais os incentivos para o setor até 2029.

 

Grande importador - De todo modo, a indústria eletroeletrônica nacional avança e, assim, recorre a importações. Exemplo disso está no desempenho de abril da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

 

Elevações de compras - Segundo o boletim da entidade, as importações de componentes elétricos e eletrônicos em abril chegaram a US$ 2,1 bilhões, 31,5% acima do montante de igual mês de 2023.

 

Segundo no ranking - Conforme a Abinee, as importações de semicondutores registraram elevação de 48% na comparação com abril do ano passado.