Por que a indústria eletroeletrônica também precisa adotar documento normativo lançado pela ABNT

Trata-se de Prática Recomendada recém-lançada pela entidade, a primeira focada na demonstração de neutralidade de carbono.

Crédito da imagem: CNI

Reduzir as emissões de gases de efeito estufa, os GEEs responsáveis pelo aquecimento global, é uma missão para ontem em quaisquer setores industriais. 

Tome o caso do dióxido de carbono, o CO2, presente nos combustíveis fósseis. Se a fábrica usa gerador movido a óleo, ou os caminhões são movidos a diesel, é bom diminuir o quanto essas práticas. 

Mais: a pressa em comprovar as reduções de poluentes é a mesma com que países correm para regulamentar políticas ambientais. Aí entram, entre outros, a descarbonização. 

É provável que, hora para outra, não se consiga mais exportar um aparelho eletrônico se não for possível comprovar que ele tenha sido fabricado com fontes energéticas renováveis. 

Sim, a pressão é enorme. 

Ainda bem que a indústria brasileira não está ao relento. 

Uma vigorosa ferramenta de apoio acaba de chegar ao mercado pelas mãos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

Trata-se da Prática Recomendada (PR) 2060, apresentada em 19 de julho último na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília. 

Em resumo, é a primeira Prática Recomendada para a demonstração de neutralidade de carbono.

 

O QUE DIZ A PR 2060? 

É um documento normativo, oficialmente lançado durante a 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP27, no Egito, com requisitos a serem cumpridos por qualquer empresa ou entidade que busque demonstrar neutralidade de carbono.

Essa demonstração deve se dar por meio da quantificação, redução e compensação das emissões de gases de efeito estufa (GEEs) de um objeto exclusivamente identificado.

Para tanto, a ABNT PR 2060 foi baseada em um documento do Organismo Nacional de Normalização Britânico (BSI) e modificado com novos conceitos, alinhados às normas internacionais ISO relacionadas ao tema de redução de emissões dos gases de efeito estufa.

 

O QUE O DOCUMENTO TRAZ

Conforme a ABNT, o documento apresenta determinação clara de carbono neutro e um meio crível de determinar e demonstrar a neutralidade. 

A Prática Recomendada também incentiva as empresas e entidades a trabalhar em direção à redução das emissões de gases de efeito estufa e a alcançar reduções genuínas nessas emissões.

Enfim, seu uso incentiva mudanças reais de comportamento, ajudando a impulsionar a sociedade para uma economia de baixo carbono.

A Prática ajuda a clarear as medidas que serão necessárias para estabelecer estratégias de promoção de neutralização de carbono nas empresas e vem a agregar outras iniciativas que estão em andamento, segundo relata o portal Indústria Verde.

No caso, essas iniciativas visam orientar o agente econômico para que ele adote práticas alinhadas com o que há de melhor em termos de informação, até para evitar a prática de greenwashing, ou seja, prometer coisas que não será possível entregar.

Enfim, a pioneira ABNT PR 2060 traz diretrizes claras e confiáveis às empresas de como quantificar, reduzir e compensar emissões. É considerado um marco significativo para o setor industrial brasileiro

Mais: a Prática abre a possibilidade para que todos participem do processo de neutralidade climática e se engajem na causa por abranger desde governos até a sociedade civil, como destaca em seu portal o projeto Indústria Verde, “nascido para mostrar que a indústria brasileira já é protagonista em soluções sustentáveis.” 

“O setor produtivo é um dos pioneiros a assumir as responsabilidades de estimular a implementação dos compromissos climáticos no país e isso tem sido prioridade para vários segmentos industriais”, relata em seu portal

Para finalizar, com a implementação da ABNT PR 2060 as empresas e organizações brasileiras têm agora um caminho claro para seguir em direção à neutralidade de carbono, fortalecendo seu compromisso com o meio ambiente e criando um impacto positivo no combate às mudanças climáticas. 

A expectativa é de que essa nova Prática Recomendada inspire outras nações e organizações a adotarem medidas concretas rumo à sustentabilidade, reforçando a importância da cooperação global na busca por um futuro mais verde e resiliente.

RETRANCA

Descarbonização integra plano de retomada

Desenvolver uma economia de baixo carbono está entre as missões do Plano de Retomada da Indústria apresentado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e compartilhado com o governo federal.  

Antes de seguir adiante, vale destacar que o Plano, segundo a CNI, é um roteiro para o Brasil “aproveitar a janela de oportunidades aberta pela necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e pela disseminação das tecnologias digitais na economia.”

Para tanto, o Plano é integrado por quatro missões estruturadas. 

Cada uma delas “é apresentada com a identificação de um problema, no qual é apresentado o contexto atual do tema no país, a solução proposta e os benefícios esperados a partir da adoção de cada política.”

As quatro missões estão focadas em Transformação Digital; Saúde e Segurança Sanitária; Defesa e Segurança Nacional; e Descarbonização. 

Feitas as ‘apresentações’, vamos à missão da Descarbonização. 

Qual é o seu objetivo? 

Desenvolver uma economia de baixo carbono, com estímulos à descarbonização da indústria, à transição energética e à promoção da bioeconomia e da economia circular

Quais são os programas de trabalho da missão?

Energias Renováveis e Eficiência Energética, Mercado de Carbono, Economia Circular e Conservação Florestal e Bioeconomia. 

E quais são os benefícios esperados? 

Atração de investimentos internacionais, expansão da oferta de fontes mais limpas de energia e com menor custo, implementação da cadeia de valor do hidrogênio, redução do desmatamento ilegal, formento a novos mercado para bioeconomia. 

Próximos passos

Conforme a CNI, a instância de articulação e governança do Plano deve ser o Conselho Nacional de Política Industrial (CNDI), órgão vinculado à Presidência da República e que reúne as diferentes representações da sociedade civil (empresas, academia, trabalhadores) necessários para dar legitimidade e assegurar a execução das ações prioritárias.