Por que a indústria nacional precisa investir o quanto antes em descarbonização
Por Delcy Mac Cruz
A boa notícia é que a batalha contra os gases de efeito estufa tem soluções disponíveis
Créditos de imagem: Gerd Altmann from Pixabay
A redução dos gases de efeito estufa (GEEs), causadores do aquecimento global, é motivo de batalha para lá de urgente nos transportes.
Ônibus, caminhões e mesmo veículos de passeio estão na linha de frente na pressa de eliminar o máximo possível a emissão de GEEs.
Aqui, a urgência se dá porque o diesel e a gasolina seguem na dianteira como combustíveis mais usados. E ambos emitem dióxido de carbono (CO2) como nunca.
Para se ter ideia, cada litro de diesel emite 3,2 quilos de CO2, levando em conta as emissões com a queima na combustão e na produção e distribuição do combustível (leia mais a respeito aqui).
Já no caso da gasolina pura, estudo revela que ela emite 2,28 quilos de dióxido de carbono.
No entanto, essa emissão só não é maior porque no Brasil o derivado de petróleo contém 27% de etanol anidro, e, no caso do combustível feito de cana-de-açúcar, as emissões caem drasticamente porque o cultivo da planta é renovável.
Melhor dizendo: a cana sequestra CO2 ao invés de emitir.
O resultado, revela levantamento, é que em média o etanol emite 0,24 gramas de dióxido, ou 10% das emissões da gasolina.
Indústria entra na batalha
Entretanto, a ‘guerra’ pela descarbonização não é exclusividade do segmento de transportes.
A indústria também participa dessa batalha.
É que o segmento tem responsabilidade nas emissões de GEEs, dos quais o CO2 é dos formadores mais relevantes ao lado do vapor d' água (H20), do metano (CH4) e do óxido nitroso (N20) (leia mais aqui).
Em 2019, por exemplo, estudo do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) relata que o segmento industrial (Processos Industriais e Uso de Produtos) responde por 5% das emissões totais do Brasil.
Traduzindo em números: as emissões de GEEs pela Indústria somaram 110 milhões de toneladas, enquanto o país chegou a 2,2 bilhões de toneladas.
Sim, o volume emitido pela indústria nacional é preocupante, principalmente diante um mercado global que pressiona cada vez mais pela descarbonização.
Assim, não será surpresa para ninguém caso determinados países passem a exigir atestados de descarbonização antes de comprarem da indústria brasileira.
Está certo que as turbulências na Ucrânia e na Rússia, bem como a instabilidade econômica internacional, permitem uma certa trégua nessa briga pela descarbonização.
Mas que ela voltará com tudo, disso ninguém duvida.
Ferramentas para baixo carbono
É diante disso tudo, que a indústria também tem pressa pela descarbonização.
Mas tem aí uma boa notícia: existem várias ferramentas que permitem reduzir as emissões.
Em recente webinar promovido pela Indústria Verde e pelo canal Bússola, da Exame, Davi Bontempo, gerente executivo de meio ambiente e sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), listou algumas dessas ferramentas.
Em síntese, ele disse que a estratégia da indústria para a chamada economia de baixo carbono se apoia em quatro pilares.
Primeiro o pilar da transição energética, que versa sobre a necessidade de se utilizar combustíveis que emitem menos carbono em sua cadeia de produção.
Segundo pilar: apoiar projetos de eficiência energética para as plantas industriais eletrointensivas.
Terceiro: investir em fontes renováveis como eólica, solar e a biomassa.
Quarto pilar: investir também em novas tecnologias como a do hidrogênio e da captura e armazenamento de carbono (CCS).
Uma dessas novas tecnologias é o hidrogênio chamado de sustentável, em fase avançada de desenvolvimento a partir de energias renováveis como a eólica.
Esse, que é zero em emissões, viria, por exemplo, substituir o gás natural e o óleo combustível, empregados como insumo industrial.
A saber: embora lance bem menos GEEs que o óleo, o gás também tem sua parcela de emissões.
Geradores de energia a biometano
Todavia, enquanto o hidrogênio verde não vem, a indústria conta com estratégias de mitigação já disponíveis no mercado.
É o caso, por exemplo, de grupos geradores de energia, peças vitais no fornecimento de eletricidade alternativa em relação à convencional, que chega via distribuidoras.
A novidade é que os geradores, em sua maioria abastecidos por diesel, passem a ser geridos por biogás e biometano.
Biogás e biometano?
Ambos são renováveis, limpos e integram a chamada economia circular sustentável (leia aqui sobre biometano, e aqui sobre biogás).
No caso, os geradores limpos integram tecnologia da MWM, fabricante de motores e geradores no Brasil e expositora da Feira de Soluções em Automação & Conectividade e Equipamentos Elétrico e Eletrônico (FIEE).
Em tempo: os geradores integram soluções para descarbonização e aumento de produtividade por meio de usinas de bioeletricidade a biogás.
Os Grupos Geradores, segundo relata a MWM, têm tecnologia 100% nacional desenvolvida no Centro Tecnológico da empresa, foram projetados para trabalhar com vários tipos de gases, caso do gás natural ou do biogás.
Além do biogás, a fabricante também oferece solução de transformação de veículos e máquinas, originalmente a diesel, para operarem em biometano através de nova linha de motores da MWM.
Segundo relato da fabricante, por remover resíduos e gases não combustíveis, como o CO2, o biometano é uma excelente alternativa para o abastecimento de caminhões e ônibus também empregados pela indústria.
Entre as vantagens do biometano, a MWM relata entre 10 a 15% de redução do custo por km rodado em relação ao diesel, facilidade na manutenção e nível de ruído 20% menor do que os motores a diesel.
Enfim, as soluções da fabricante integram as estratégias que a indústria nacional já têm à disposição para entrar de vez na guerra pela descarbonização.