Por que falta eficácia nos lançamentos de inovações em P&D

Por que falta eficácia nos lançamentos de inovações em P&D

Alerta integra estudo conduzido por pesquisadores da Unifesp

Imagem: Deloitte / Delcy Mac Cruz

É certo que sem as regulações os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) ficam a desejar. 

As recomendações dessas regulações, aliás, são empreendidas pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com o foco de impulsionar a inovação. 

A questão é que essa empreitada não garante a eficácia do processo e o lançamento efetivo de inovações no mercado. 

O alerta integra estudo coordenado por pesquisadores do Centro de Estudos da Ordem Econômica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

 

A seguir, o blog da FIEE apresenta destaques do estudo, publicado na revista científica “Applied Economic Letters” e que é tema de reportagem no jornal Valor.

 

O que a análise considerou: levou em conta 47 países, incluindo membros da OCDE, como o Brasil, e o índice Product Market Regulation (PMR). 

 

Resultado do estudo: quanto menor a intervenção estatal e maior a competitividade, mais patentes são registradas e maiores são os gastos em P&D. 

 

Em outras palavras: quem segue fielmente as recomendações da OCDE não há melhora em investimentos em P&D. 

 

Caso do Brasil: país aparece em posições intermediárias em número de patentes (22º lugar entre os 47) e em volume de P&D (8º).

 

Posição: Brasil, diz o estudo, tem posição desfavorável quando se avalia o quanto cada investimento realmente rende em termos de novas ideias (é o 35º colocado). 

 

O que fazer: a situação brasileira reforça a necessidade de políticas que alinhem a concorrência com um melhor aproveitamento dos recursos empregados. 



Direção: as diretrizes da OCDE, conforme o trabalho, colocam os países na direção do desenvolvimento tecnológico, mas constituem apenas a metade do caminho que precisa ser percorrido para tornar o país efetivamente inovador. 

 

O que ocorre: “fatores como a solidez do mercado financeiro, a governança corporativa e a disponibilidade de mão de obra especializada extrapolam o escopo do índice de regulação”, comenta a pesquisadora Karine Borri, coautora do estudo.

 

“Sem esses elementos, o aumento de patentes pode ser apenas um indicador de esforço, não de resultado eficiente”, afirma ela. 

 

Estratégias de países: conforme o estudo, há países que estão conseguindo uma produtividade maior e, outros, menor. Em alguns casos, a estratégia é investir alto em P&D e gerar patentes defensivas sem necessariamente criar um bom retorno sobre o investimento. 

 

Compreensão: em linha com isso, o levantamento ajuda a compreender fenômenos como o da empresa chinesa DeepSeek, que recentemente abalou o mercado de inteligência artificial ao desenvolver soluções avançadas a custos menores que gigantes do Vale do Silício. 

 

O caso DeepSeek, relatam os pesquisadores, prova que não basta injetar dinheiro, como é o caso dos gigantes, mas que é essencial otimizar processos e estratégias. E isso é o que se chama de eficiência de inovação: mais resultados para cada dólar aplicado.