Por que o biometano de cana é estratégico para reduzir os custos energéticos da indústria

Por que o biometano de cana é estratégico para reduzir os custos energéticos da indústria

Renovável pode complementar - com preço menor - a demanda por gás natural das empresas industriais 

Imagem: GasBrasiliano/Divulgação  /  Delcy Mac Cruz

O biometano, gás renovável também produzido por resíduos da cana-de-açúcar, é estratégico para ajudar a reduzir os custos energéticos da indústria brasileira.

Ela é grande consumidora de gás natural, empregado, entre outras, para aquecimento e como matéria-prima para setores como o químico, petroquímico, siderúrgico, cerâmico e de fertilizantes.

Ocorre, no entanto, que “a baixa disponibilidade de gás natural,

cuja produção é muito concentrada em apenas uma empresa e sua infraestrutura de transporte é limitada, faz com que o preço do gás para o setor industrial no Brasil seja 3,5 vezes maior do que nos EUA e 2,3 vezes maior do que na China.”

As informações integram o documento “Alavancas para a Infraestrutura e Indústria”, lançado no começo de outubro pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).

 

Vez do biometano

 

O gás renovável feito de resíduos da casa e de aterro sanitário, entre outras fontes, é apontado pelo IEDI como fonte complementar e estratégica.

Isso porque hoje o país tem 14 plantas em operação e 27 em desenvolvimento, estas principalmente nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul.

Conforme o documento, se todas as plantas em desenvolvimento entrarem em operação, a projeção é de aumento na produção superior a 400%, passando de 1,26 milhão de metros cúbicos diários (m³/dia) para 6,47 milhões de m³/dia.

A aprovação da Lei do Combustível do Futuro (Lei nº 14.993/2024) representou um marco importante ao confirmar incentivos à produção e ao uso do biometano, objetivando a descarbonização e o fortalecimento da infraestrutura de distribuição.

 

Papel estratégico

 

“Vale reforçar que o gás natural e o biometano configuram-se como fontes energéticas complementares com papel estratégico na transição para uma matriz mais sustentável”, destaca o documento.

Ambos apresentam vantagens ambientais relevantes em relação a outros combustíveis fósseis, como o carvão mineral e o óleo combustível, por emitirem menores quantidades de CO₂ e outros poluentes atmosféricos por unidade de energia gerada.

“No caso do biometano, os benefícios ambientais são ainda mais expressivos, pois trata-se de uma fonte renovável, com balanço neutro ou negativo de emissões, dependendo do substrato utilizado na produção” (leia aqui mais sobre biometano)

 

Tem mais: essas duas fontes compartilham características técnicas fundamentais, como a equivalência química das moléculas, o que permite a adoção gradual de misturas (blends) entre gás natural e biometano.

Esse processo viabiliza a descarbonização progressiva da matriz energética industrial, sem necessidade de adaptações complexas nos equipamentos ou na infraestrutura existente.

No mais, a possibilidade de compartilhamento da rede de gasodutos, plantas de compressão e unidades de distribuição reduz o custo de transição e facilita a integração entre as duas fontes.