Sim, é possível investir em conceitos 4.0 sem grandes custos
A manutenção preditiva, por exemplo, tem soluções competitivas produzidas no Brasil
Delcy Mac Cruz
A Indústria 4.0 permite uma vigorosa lista de ganhos para a matriz produtiva brasileira. Eficiência, segurança e produtividade são alguns exemplos.
Outro deles é financeiro: a adoção de conceitos da quarta revolução industrial permite gerar uma economia de R$ 73 bilhões ao ano no país.
Este abastado montante financeiro integra levantamento da Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e está dividido em três pilares, todos anuais: a redução dos custos com reparos pode ir a R$ 35 bilhões, já os ganhos de eficiência produtiva correspondem a R$ 31 bilhões, enquanto os R$ 7 bi restantes correspondem à diminuição na despesa com energia.
O estudo foi divulgado em 2017 e, cinco anos depois, segue atual e ainda mais desafiador para uma indústria nacional penalizada com os altos custos de insumos e de uma demanda interna oscilante.
Diante a situação de hoje, é de se perguntar se no geral a indústria tem condições de aportar investimentos em conceitos 4.0. Isso levando em conta que tais recursos são vultosos.
A resposta é sim.
Como assim?
Oficialmente, os integrantes da Indústria 4.0 reúnem inteligência artificial, robótica e Internet das Coisas (IoT) trabalhando de forma integrada - e, sim, são integrantes de considerados altos custos para boa parte do segmento industrial em operação no país.
Porta de entrada na 4.0
Contudo, existem aplicações da quarta revolução que não são necessariamente impeditivas para essa parcela das indústrias.
Tome o caso da manutenção preditiva, cujo objetivo principal é o de antecipar e encontrar a raiz de problemas em máquinas e equipamentos.
Ela pode ser definida pelo acompanhamento contínuo de um equipamento ou sistema e a tentativa de definir seu estado futuro por meio de dados coletados ao longo do tempo.
O objetivo final não é mais consertar as máquinas, mas evitar que elas quebrem, relata a fornecedora de soluções Tractian, autora de guia sobre o tema (clique aqui para acessá-lo em pdf).
Pois a manutenção preditiva, que integra os conceitos 4.0, está ao alcance da indústria geral. Em síntese, ela exige sensoriamento específico como vibração, temperatura, horímetro, vazão e pressão.
Esses exigem softwares e soluções que não são impeditivos do ponto de vista financeiro.
Produtos nacionais: competitivos
Exemplo: as análises dos dados de vibração e de temperatura são feitas por redes neurais e sensores wireless fabricados no país pela Hedro.
Por serem brasileiros, notadamente têm valores competitivos diante os importados.
“Os sensores podem ser utilizados pelas grandes indústrias ou até por startups especializadas em análises de dados complexos e Inteligência Artificial”, destaca, em nota, a Hedro.
Em artigo, Claudio Henrique Goldbach, CEO da Perfil Group - especializada em soluções para processos industriais - lista exemplos de aplicações de sensoriamento.
Um deles é o Especialista Remoto, solução da GoEpik. “Trata-se de um aplicativo que conecta um técnico local a um especialista remoto”, relata Goldbach.
“Com o uso do smartphone (ou tablet), o técnico local demonstra qual sua dúvida e, com a ajuda da realidade aumentada, o especialista remoto disponibiliza desenhos e indicações visuais na tela do smartphone, guiando o técnico para a solução do problema.”
“Como estas soluções para a manutenção são de fácil adoção e baixo custo, entendo que haverá ganhos significativos e rápidos, fazendo com que as empresas se motivem a continuar explorando as tecnologias habilitadoras para a resolução de seus problemas”, descreve o CEO da Perfil Group.
No mais, fora resolver problemas o caixa das empresas industriais também tem motivos para agradecer, afinal especialistas atestam que soluções 4.0 reduzem os custos de manutenção em 40%.