Brasil precisa correr – e muito – em investimentos em conectividade

País necessita de aportes de US$ 20 bilhões em infraestrutura para suportar tecnologias

Delcy MAC Cruz

As frequências do 5G estão devidamente leiloadas e essa tecnologia deverá começar a entrar em prática no Brasil em 2022 (saiba mais aqui). 

No entanto, apenas a chegada da quinta geração de telefonia móvel não garante a plena implantação dos prometidos ganhos em conexão.  

E é fácil explicar essa pedra no sapato do 5G: na comparação com países desenvolvidos, o Brasil precisa acelerar – e muito – os investimentos que possibilitem o uso da internet em alta velocidade.  

É certo que os grandes centros urbanos estão aptos, mas, para ficar em um exemplo, perto de 50% dos 7 milhões de hectares de cana-de-açúcar espalhados pelo território nacional ainda desconhecem conexão plena, ou que funcione sem interrupções.  

Para se ter ideia, esse montante de canaviais responde por médios R$ 45 bilhões anuais resultantes da produção e venda de açúcar, etanol e bioeletricidade.  

Se contasse com conectividade exemplar, e pudesse usufruir de tratores e caminhões autônomos e interação de máquinas via IoT (Internet das Coisas), essa área poderia permitir no mínimo 30% mais de receita. 

Como avançar em investimentos de conectividade?

A resposta a esta pergunta pode vir pelos valores necessários para adequar o País.  

São necessários aportes de US$ 20 bilhões para o Brasil atingir patamares de conectividade dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), destacou Maurício Claver-Carrone, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em sua participação no Painel TeleBrasil 2021

Como obter tais recursos financeiros? 

A iniciativa de instituições financeiras públicas é bem-vinda. No mesmo evento, o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, afirmou que o banco terá produtos focados em provedores regionais e empresas de infraestrutura de rede neutra, relacionados a fundos garantidores, debêntures e financiamentos.  

Segundo ele, um dos objetivos é atender principalmente o Norte e o Nordeste do País.  

Ademais, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), o banco disponibiliza R$ 170 milhões para projetos que também contemplem transformação digital, enquanto outros R$ 440 milhões virão da Empresa e da iniciativa privada (leia aqui mais a respeito).  

Superar desigualdades 

Leia também: Entenda o que são tokens de energia elétrica renovável

“A digitalização é um pilar central da Visão 2025 do BID, do nosso plano de acelerar a recuperação pós-pandemia”, afirmou o presidente da instituição no evento.  

Mais: a digitalização, disse, tem papel fundamental no processo de superar as desigualdades sociais.  

“Se a desigualdade digital não for superada, ameaça aprofundar a desigualdade social e deixar alguns dos segmentos mais vulneráveis da população mais para trás.” 

De novo vem a pergunta: como fazer isso?  

O BID, conforme o executivo, tem trabalho com a Confederação Nacional dos Municípios e com a Frente Nacional dos Prefeitos para apoiar iniciativas locais destinadas à revisão dos marcos legais e regulatórios para simplificar a instalação de antenas e infraestrutura de telecomunicações.  

O motivo dessa revisão: simplificar e acelerar o licenciamento necessário para a implantação da infraestrutura.  

Caso medidas como as projetadas pelo BID sejam bem sucedidas, serão motivo de celebração.  

Isso porque apenas a digitalização de pequenas e médias empresas acrescentaria US$ 9 bilhões ao PIB do Brasil até 2024, destaca estudo da IDC citado por Claver-Carone.