Por que a escassez de chips está longe de acabar

Problema surgiu durante a pandemia, com a interrupção dos fabricantes chineses, e avançou com a guerra na Ucrânia

 

Delcy Mac Cruz

 

A escassez mundial de semicondutores não tem data certa para acabar.

Registrada desde o auge da pandemia de Covid 19, em 2020, com a parada na produção pela China, onde ficam grandes fabricantes, a situação ameaçava entrar nos eixos. Isso devido à retomada gradativa das linhas produtivas.

Até que no fim de fevereiro teve início a guerra da Ucrânia. Daí em diante, o quadro de escassez só piorou uma vez que o país e a Rússia são importantes fornecedores de insumos para fabricação do componente.

Enquanto isso, as vítimas da escassez de chips, caso de  sistemas eletrônicos de carros e data centers, entre outros segmentos da indústria mundial, seguem como podem.

E quando a situação será normalizada?

Difícil precisar.

À CNN Brasil Business, Gregory Ernst, vice-presidente corporativo de Vendas e Marketing da Intel, afirma que “para a indústria de semicondutores como um todo, o problema não estará resolvido nos próximos 12 meses.”

No caso da Intel, ele lembra que a empresa está capacitada para atender a demanda.

Outros especialistas fazem eco à estimativa do executivo do fabricante americano de chips. Mas há ações de incremento a fabricantes. EUA e países europeus passaram a adotar medidas para atração de investimentos na área.

 

Leia prorroga Programa de Apoio

Henrique Miguel, coordenador geral de tecnologias digitais da Secretaria de Empreendedorismo (Sempi) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), disse, em recente evento da Abinee, “que o Brasil também priorizou ações como forma de estimular o segmento e oferecer um horizonte definido para a oferta de componentes.”

Como exemplo, citou com destaque a renovação até 2026 do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (Padis), por meio da Lei 14302/2022.

Entusiasta da renovação do Programa, A Abinee atuou junto ao Congresso Nacional, em especial aos integrantes da Frente Parlamentar para o Desenvolvimento da Indústria Elétrica e Eletrônica, bem como junto ao MCTI, apresentando argumentos visando atrair para o Brasil novos players para a produção de semicondutores.

Adicionalmente, em recente evento, a Abinee apresentou, no processo de alteração da Lei, “a necessidade da inclusão, no Padis, de maneira clara os insumos para a produção local de módulos fotovoltaicos, permitindo aos fabricantes utilizar seus benefícios para produzir esses módulos de forma competitiva em relação aos módulos importados.”

 

Volks e USP em projetos

 

Em favor do fim da escassez de chips, existem também ações da iniciativa privada.

É o caso da Volkswagen do Brasil, que no fim de março firmou memorando de entendimento com o Centro de Inovação da Universidade de São Paulo (InovaUSP) com foco em projetos que tambeḿ serão desenvolvidos na área de semicondutores.

O documento, que também prevê projetos nas áreas de software e motores flex, abrange principalmente a troca de conhecimentos centrado na fabricação de semicondutores, sua cadeia de produção e detalhes técnicos que envolvem sua composição, relata a VW ao Jornal da USP.

Dessa forma, segue a fabricante, a equipe da VW consegue se aprofundar e adquirir amplo conhecimento neste tipo de componente, em um momento no qual o setor enfrenta escassez do mesmo.