Semicondutores: o que o Brasil faz para atender a demanda que só tende a crescer?

Representantes de entidades ligadas à iniciativa privada apontam o que é feito e o que precisa ser realizado

Imagem de divulgação: Unsplash

Caso a economia mundial evolua como está, apenas os setores industrial e automotivo crescerão em respectivos 12% e 14% suas demandas por semicondutores.

Em outra projeção, o consumo global irá a 4,8 bilhões de unidades em 2030.

O Brasil, que estreia na tecnologia 5.0 e entrará de vez na Internet das Coisas (IoT), está nessa corrida de consumo.

Mas o que estamos fazendo para atender a essa demanda que - felizmente - não para de crescer?

As respostas soam como desafio, uma vez que precisam não só de investimentos privados, mas de garantias de estabilidade e ações públicas.

No mais, especialistas no assunto participaram de um oportuno painel na 75ª reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realizada em 27 de julho.

Nome do painel: “Alta demanda de semicondutores para mobilidade e IoT.”

Moderador do evento, Alexandre Motta, diretor de relações internacionais da Sociedade Brasileira de Microeletrônica (SBMicro), contou, entre os participantes, com Sérgio Bampi, professor do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Já no tocante a entidades ligadas à iniciativa privada participaram:

-       Rosana Casais, diretora institucional da Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (ABISEMI)

-       Gabriel Marão, presidente do Fórum Brasileiro de IoT

-       Israel Guratti, gerente de tecnologia da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee)

Confira a seguir trechos das apresentações dos participantes da entidades e instituições da iniciativa privada no painel cuja função é detalhar o que, de fato, o Brasil está fazendo para enfrentar a crescente demanda de semicondutores.

Assista também à íntegra deste painel da reunião da SBPC (só clicar aqui). 

Projeções e caminhos

Crédito de imagem: Rosana Casais, diretora institucional da Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (ABISEMI).

Corrida por chips

Estudo da McKinsey revela que até 2030 o setor industrial representará 12% do crescimento das vendas de chips. Só perde para o automotivo, responsável por 14% da demanda. Ambos ajudarão a impulsionar o crescimento da demanda ao longo até a virada desta para a próxima década. 

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Qual é o consumo de chips?

Turbinada pela IoT, 5G e pela Indústria 4.0, em 2030 o mercado global deverá demandar 4,8 bilhões de unidades.

Note que, conforme a apresentação, apenas a Indústria 4.0 consumirá 22,3 bilhões de chips. 

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O que o Brasil faz para ampliar a oferta?

O que é necessário para o Brasil ter ampliação da oferta de chips, principalmente em função do IoT e da 5G, e para atender ao segmento de transportes, que lidera o ranking de consumidores?

A resposta é gerida por representantes públicos e de instituições multidisciplinares - como a Abinee - que compõem, desde 2021, a Rede Colaborativa para Aumento da Produtividade e da Competitividade do Setor Automotivo Brasileiro, denominada Made In Brasil Integrado (MiBI)

Dispositivos conectados

Sem levar em conta computadores, smartphones e tablets, o número global de dispositivos conectados passa de 12,2 bilhões, mas poderia ser bem maior não fosse a escassez na oferta, conforme projeção abaixo.

De todo modo, em 2025 serão 27 bilhões o número de dispositivos conectados. 

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Setor automotivo: quais os desafios para o fornecimento pela indústria nacional?

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“Temos hoje uma política de suporte à indústria de semicondutores, que é o PADIS, mas tem data curta de expiração, e precisamos trabalhar com prazo entre 15 a 20 anos, que é o tempo para ter maturação.”

“A publicação do Novo PADIS para o fortalecimento do ambiente de negócios é de suma importância.”

Por que é preciso ter pressa

Em suas considerações finais, Rosana Casais detalha porque é preciso correr na oferta de semicondutores: 

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Parcerias com outros países são estratégicas

Crédito de divulgação: Gabriel Marão, presidente do Fórum Brasileiro de IoT

Brasil poderia estar no mapa de produção 

“O Brasil teve chances de entrar no mapa mundial na produção de semicondutores.

Tivemos um plano de implantar em 10 anos três fábricas diferentes no Brasil. O governo não precisaria colocar dinheiro, mas não houve aprovação.

Já fabricamos circuitos impressos no país. E seguíamos com o sonho de ter as fábricas. Mas ele morreu quando o então presidente Fernando Collor tomou posse, em 1990, e acabou com a estrutura existente.

Na época, Taiwan e Coréia do Sul não existiam em termos de produção de semicondutores. Mais para frente, por meio de parcerias, investimos em encapsulamento de memórias, que chegaram a ser exportadas para os EUA.

Se o Brasil tivesse seguido o que foi pedido ao governo, [a situação hoje seria outra].” 

Parcerias são estratégicas

“Hoje, quando discutimos o que o Brasil está fazendo na área de semicondutores, acho que há muito a ser feito.

Precisa [por exemplo] serem feitas parcerias com outros países.

É possível fazer. Muitos partem do princípio de que não é possível, mas se for para fazer bem feito, [dará certo].”

Bom momento para a IoT

“O mesmo ocorre com a Internet das Coisas: Estamos no Brasil em um bom momento para fazer isso.

A IoT não é uma tecnologia: é o guarda-chuva do bom uso das diferentes tecnologias, Inteligência Artificial, entre outras.

Que papel o Brasil quer ter? Há espaço, desde bem estudado e bem organizado.”

Comportamento e previsão da indústria 

Balanço do setor eletroeletrônico

Em 2022, primeiro ano pós pandemia, as áreas do setor eletroeletrônico integradas pela Abinee fecharam o ano com faturamento 3% maior, exportações em alta de 16% e importações 12% acima das registradas em 2021. 

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Desafios e barreiras

Entre 2022 e este ano, quais os desafios para o setor? 

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Dificuldades oscilam 

“Algumas dessas dificuldades, como a aquisição de semicondutores, estão em vias [de serem resolvidas].”

É o caso da aquisição de matérias-primas e semicondutores, que em pesquisa com associados apresentada em maio eles não apresentaram dificuldades na obtenção. 

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Investimentos ainda resistentes

Levantamento de confiança do empresário industrial, o ICEI, realizado pela Abinee revela, em junho, que o índice ficou em 49,9.

Ou seja, o empresário industrial segue resistente em investimentos, o que implica semicondutores e em Internet das Coisas, uma vez que valores acima de 50 é que indicam confiança.

Em meados de julho, no entanto, a projeção é que o índice passou de 50, o que sinaliza que, aos poucos, a confiança, pelo visto, é retomada. 

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O que vem por aí

Neste segundo semestre, segundo a Abinee, deverão ser registradas: 

Previsão de faturamento

Em 2023, segundo a Abinee, a indústria eletroeletrônica deverá ter os seguintes desempenhos: 

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Pilares para os semicondutores

Assim como para a cadeia de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), a de semicondutores precisa dos seguintes pilares: