Mobilidade elétrica: integração entre indústria, energia e conectividade aponta caminhos para o Brasil

Mobilidade elétrica: integração entre indústria, energia e conectividade aponta caminhos para o Brasil

Por Phábrica de Ideias

Tema foi discutido durante o segundo dia de FIEE no Congresso da Indústria Eletroeletrônica

Durante o Congresso da Indústria Eletroeletrônica, realizado na FIEE 2025, o painel “Indústria, Energia e Conectividade no Centro da Mobilidade Elétrica” destacou como o avanço da eletromobilidade depende da integração entre setores que, até pouco tempo, atuavam de forma isolada.

O encontro reuniu executivos de diferentes áreas para discutir os desafios e oportunidades da transição energética, reforçando que mobilidade elétrica não é apenas sobre veículos, mas sobre indústria, energia e conectividade trabalhando em conjunto.

Bernardo Marangon, sócio-diretor do Canal Solar, abriu a discussão destacando o impacto econômico e industrial da eletrificação. Para ele, a mobilidade elétrica transfere parte do consumo do mercado de óleo e gás para o setor elétrico, gerando novas oportunidades em estações de carregamento, software de gestão de energia, comercialização e fabricação de equipamentos. Ele também ressaltou a produção local de veículos elétricos por fabricantes internacionais e nacionais, posicionando o Brasil como potencial plataforma de desenvolvimento para a América Latina.

“A mobilidade elétrica não é apenas inovação tecnológica, é oportunidade para gerar empregos, fortalecer a indústria e transformar o setor elétrico no Brasil” afirmou Marangon.

Complementando essa visão, Márcia Loureiro, gerente de Eletromobilidade da Vibra, ressaltou que a transição para veículos eletrificados é uma nova rota tecnológica que coexistirá com os motores a combustão por algum tempo. Embora a frota atual ainda seja modesta, cerca de 500 mil veículos licenciados, a taxa de crescimento é expressiva, abrindo espaço para oportunidades em software, plataformas, aplicativos e fornecimento de energia.

Para Márcia, a experimentação e avaliação consciente da tecnologia por empresas e consumidores é essencial neste estágio inicial. “Essa nova rota tecnológica traz oportunidades de valor para o negócio e para a sociedade, mas é essencial que cada um experimente e avalie a tecnologia no momento certo da sua própria jornada”, disse.

Rodrigo Vicentini, gerente de Engenharia de Soluções para a América Latina na Keysight Technologies, trouxe a perspectiva do potencial ainda não explorado no Brasil. Ele projetou que nos próximos anos o país poderá ter cerca de 2,5 milhões de veículos eletrificados, o que exigiria uma infraestrutura de 250 mil carregadores, um grande desafio frente aos 15 mil atualmente instalados. Vicentini destacou a oportunidade de integrar veículos elétricos à frota internacional e de aproveitar a matriz limpa de energia do Brasil para fortalecer a indústria de forma sustentável.

“O Brasil tem um potencial enorme para mobilidade elétrica, mas é preciso expandir infraestrutura, integrar modelos internacionais e aproveitar nossa matriz limpa para transformar esse mercado em realidade”, afirmou.

Wilson Morais, diretor de Produtos e Soluções em Mobilidade Elétrica da ABB, reforçou o progresso do setor desde 2013, com iniciativas como carregadores rápidos, corredores de recarga e parcerias estratégicas com empresas como Vibra e Keysight. Ele enfatizou que a padronização e certificação de equipamentos são fundamentais para garantir segurança e qualidade em toda a cadeia da mobilidade elétrica, e destacou ainda que eventos como o congresso são essenciais para compartilhar tendências, estudos de caso e experiências práticas com investidores e profissionais do setor.

“Seguir normas e trabalhar com empresas certificadas é essencial para garantir segurança e qualidade em toda a cadeia da mobilidade elétrica, do carregador ao veículo,” concluiu Wilson Morais.

O painel enfatizou que a mobilidade elétrica é mais do que uma tendência tecnológica, é uma oportunidade estratégica que conecta indústria, energia e tecnologia, criando uma base sólida para o crescimento sustentável do Brasil neste setor.