Estocar energia renovável em baterias entra no radar de investimentos

Estocar energia renovável em baterias entra no radar de investimentos

Armazenagem de eletricidade de fonte limpa é estratégica para distribuidoras atenderem a alta demanda dos consumidores

magem de Ricarda Mölck no Pixabay / Delcy Mac Cruz

Estocar eletricidade em baterias para que ela seja usada em horários de pico é estratégica para as distribuidoras de energia.

Conhecida pela tecnologia Bess, de Battery Energy Storage System, essa estocagem tem a missão de oferecer segurança de oferta diante da crescente demanda por eletricidade.

Além disso, permite que se armazene energias renováveis - caso da solar, eólica e da produzida por meio de biomassa - e, assim, há garantia de que essa eletricidade, feita com menos emissões de poluentes, seja usada por meio das baterias. 

 

Falta regulamentação

 

Essa tecnologia entra nos planos de investimentos de distribuidoras no Brasil, mesmo que ainda não haja regulamentação. 

Sim, atualmente não há no país regulamento para os sistemas de armazenamento de energia - o que gera insegurança aos investidores. 

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) promete que até maio próximo essa regulamentação deverá ser definida. 

 

Renováveis mais competitivas

 

Com a regulamentação, a expectativa é de que as energias renováveis ficarão mais competitivas também para ajudar a garantir o atendimento da demanda em caso de cortes de geração. 

Em que pese a espera pela regulamentação, companhias como a Cemig empreendem investimentos em tecnologia de armazenagem em baterias. 

Em 2024, a empresa desenvolveu um sistema, inédito no país, que utiliza um banco de baterias, operado remotamente, para dar suporte à rede tradicional de distribuição. 

Entre as vantagens, estão a maior estabilidade da rede e redução dos cortes no abastecimento, principalmente em localidades com demandas mais específicas, destaca, em nota, a Cemig. 

Basicamente, o equipamento aproveita os momentos de menor demanda (como na madrugada) para armazenar energia, em baterias de alta capacidade, que poderá ser reinjetada na rede de acordo com a necessidade daquele local. 

O equipamento pode ser usado em várias funções, como regularizar os níveis de tensão em horários de pico e até assumir o fornecimento de energia por algum tempo em caso de cortes na rede para manutenção ou devido a fatores externos, como eventos climáticos extremos.

 

Parcerias

 

O desenvolvimento do projeto começou em 2016 com um chamamento da Aneel para pesquisas com sistemas de armazenamento de energia. 

Após aprovação pelo órgão regulador, a Cemig deu início ao desenvolvimento do projeto em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Fundação para Inovações Tecnológicas (FITec), a Concert Technologies e o Instituto de Tecnologia Edson Mororó Moura (ITEMM).

Com o sucesso do projeto, a Cemig iniciou o processo de implementação da primeira planta com o novo sistema na sua rede de distribuição. 

Nesse caso, a solução tem um Sistema de Armazenamento de Energia em Baterias (SAEB) acoplado a um gerador fotovoltaico (GFV), produzindo energia limpa e renovável para o sistema.

 

Em hospital 

 

No começo de fevereiro, a distribuidora Neoenergia Pernambuco inaugurou sistema de armazenamento de energia no Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP). 

O novo sistema, com capacidade de 1,2 megawatt/hora, foi viabilizado pela distribuidora por meio do Programa de Eficiência Energética (PEE) regulado pela Aneel, destaca a Agência. 

Com investimento de R$ 3,5 milhões, o sistema prevê atender em média 80% da demanda energética da unidade de saúde durante o horário de pico. 

Além de suprir a demanda, contribui significativamente para a redução dos custos com energia no período de maior tarifa, entre 1h30 e 20h30.