Por que há cortes em geração de energia renovável - e por que isso gera guerra tarifária 

Por que há cortes em geração de energia renovável - e por que isso gera guerra tarifária 

Situação também abrange fornecedores do setor elétrico, que são expositores na FIEE

A geração de energia renovável segue com participação de peso no Sistema Interligado Nacional (SIN), maior rede elétrica da América Latina, responsável pelo atendimento para mais de 211 milhões de brasileiros.

Na manhã de 10 de junho, por exemplo, do total gerado 66% eram de fonte hidráulica (água), o que é tradição no Brasil.

Em segundo lugar está a fonte eólica (vento), com 15,4%, em terceiro a fonte térmica (que inclui biomassa de cana-de-açúcar), com 13,3%. A fonte solar fica com fatia de 3,4% do total.

Os dados são do Operador Nacional do Sistema (ONS), que gerencia o SIN.

 

‘Ranking’ de fontes geradoras de energia no Brasil

                     (em 10/06, segundo o ONS):

Redução forçada nas renováveis

Apesar do peso das renováveis no ranking de geração de energia, elas registram corte na produção.

Essa redução forçada (ou curtailment) é definida pelo operador do sistema quando a produção supera a capacidade de transmissão. Há outros motivos, como desequilíbrio entre oferta e demanda, falhas na rede ou fatores externos como desastres naturais.

Essas reduções têm sido comuns nas geradores solares e eólica, assim como nas hidrelétricas. E isso tem gerado um problema de proporções gigantescas.

Uma das consequências dos cortes e geração é financeira: as eólicas e solares apontam prejuízo de cerca de R$ 2 bilhões apenas em 2024.

Para este ano, e levando em conta as reduções das hidrelétricas, a estimativa é de que o rombo com as reduções de gerações atinja R$ 21 bilhões.

 

Repercussão em toda a cadeia

Os prejuízos são bancados em parte pelos consumidores, por meio do Encargo de Serviços do Sistema (ISS) embutido nas tarifas. Mas, conforme entidades representativas do setor gerador, ele também assume perdas.

Entretanto, fora os prejuízos financeiros, há a insegurança no setor de renováveis, que tem investido firme e forte no país.

Se essas companhias estão inseguras, isso afeta a cadeia de fornecedores do setor.

A Feira Internacional da Indústria Elétrica, Eletrônica, Energia, Automação e Conectividade (FIEE), que acontece entre os dias 09 e 12 de setembro no São Paulo Expo, em São Paulo (SP), reúne mais de 10 expositores fornecedores da indústria de energia. Eles estão na torcida por uma solução ao problema.

 

Qual é a saída para o problema?

O Ministério de Minas e Energia, segundo divulgado pela imprensa, promete a elaboração de proposta para garantir o ressarcimento retroativo das empresas afetadas.

A medida prevê a convocação dos geradores para repactuação das condições contratuais.

Em meio a tudo isso, há uma guerra de tarifas.

É que elas podem carregar encargos como o ISS e as contas de luz já têm descontos direcionados para bancar o uso da rede para eólica e solar (conhecidos por Tust e Tust).

A guerra inclui, ainda, descontos direcionados para a geração distribuída e para a autoprodução (quando o consumidor compra participação em usinas geradoras e deixa de pagar encargos).

 

Apoio a Medida Provisória

Enfim, o Ministério de Minas e Energia apoia a Medida Provisória n° 1.300 para o setor elétrico.

“Hoje, parte dos custos que encarecem a tarifa de energia está justamente na ineficiência dos recursos. A MP atua em três frentes que buscam mais equidade e uma distribuição mais justa para os consumidores. Por isso, é uma medida que se destaca pela eficiência”, destacou o secretário Nacional de Energia Elétrica, Gentil Nogueira de Sá, em recente evento (leia mais aqui).