Medidores inteligentes: por que eles são estratégicos para a indústria eletroeletrônica.
Escrito por Delcy Mac Cruz
Entre outras, permitem redução de custos de eletricidade por permitirem gestão remota.
Créditos das imagens: Ilustração lâmpada: Gerd Altmann from Pixabay
Eles ainda precisam de regulamentação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e, até por isso, avançam em ritmo abaixo do esperado no Brasil.
Mas há uma torcida gigante pela regulamentação para que, assim, eles ganhem escala de implantação também na indústria eletroeletrônica.
Tratamos aqui dos medidores inteligentes de energia.
Em resumo, são dispositivos que, ligados a uma rede própria, segura e privada, permitem que leituras, cortes e religamentos de energia sejam feitos de forma remota, sem a necessidade de esperas ou deslocamento de técnicos.
Só por gerar esses resultados, os medidores já deveriam estar em dez a cada dez empresas brasileiras, certo?
Sim, mas tem mais.
Eles permitem entender a demanda quase em tempo real, o que facilitará o acompanhamento do perfil de consumo energético de forma mais detalhada. Enfim, isso tudo irá permitir o uso mais otimizado e econômico de energia elétrica.
Ganhos também para distribuidoras
Se é ótimo para os consumidores, o dispositivo também é ótimo para as distribuidoras de energia, uma vez que elas terão gestão eficiente da eletricidade.
Não é à toa que as principais distribuidoras tendem a substituir os medidores eletrônicos pelos inteligentes até a próxima década, como indicam avaliações do setor.
Quer saber mais ganhos gerados pelos medidores inteligentes?
Fiquemos no Reino Unido. Nesse país, os consumidores com tais medidores podem participar de programas que incentivam a redução do consumo durante momentos do dia nos quais o preço da eletricidade é mais caro ou quando é gerada por fontes poluentes.
Aqui, a lógica é obter ganhos econômicos e ambientais.
Seguindo a mesma toada, e a conectividade dos medidores inteligentes nesse país, há programas específicos para que donos de veículos elétricos aproveitem as baterias como estocagem para comprar ou vender energia conforme os preços do mercado.
Com benefícios como esses, não é de espantar que o número de medidores inteligentes na Grã Bretanha (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) passe atualmente dos 3 milhões entre os consumidores não-domésticos (leia mais aqui no original).
Mas, calma lá: as previsões para o Brasil também são animadoras.
Consultoras internacionais estimam que no caso dos consumidores residenciais de baixa tensão (padarias, barbearias, residências, etc), o mercado de medidores inteligentes no país passará de atuais 901 mil unidades para 3,9 milhões em 2030, em alta anual composta de 20,1%.
Já no caso dos médios e grandes consumidores de energia, onde estão as empresas eletroeletrônicas, a falta de regulamentação específica, como já descrito, pressiona para baixo. Mas há fatores de sobra que justificam a prioridade desses dispositivos.
E quais são esses fatores?
Em artigo no blog da Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC), Maria Benintende, membro do Comitê de Utilities da entidade, lista destaques em favor dos medidores inteligentes:
1 - Avanço da Geração Distribuída (GD)
Existem no Brasil, segundo a Aneel, 1,2 milhão de residências com sistemas fotovoltaicos. Espera-se que o ritmo de adoção continue firme.
E, como acontece em outras partes do mundo, a maior penetração desta tecnologia nas redes de distribuição torna necessária a instalação de medidores inteligentes junto aos sistemas de GD para que os operadores possam monitorar a frequência elétrica, estimar potência reativa e indutiva e, assim, evitar flutuações e congestão das redes.
2 - Tarifa Branca
Desde janeiro de 2020, o consumidor residencial pode optar pela Tarifa Branca, modelo tarifário no qual o preço pago pela energia varia conforme o horário.
Apesar dos medidores usados para a Tarifa Branca não serem inteligentes (mas medidores eletrônicos de múltipla tarifação), o emprego desse novo modelo é tido como avanço no empoderamento do consumidor.
E é também um primeiro passo para a introdução de tarifas dinâmicas que exigem tecnologias digitais mais sofisticadas e infraestrutura de medição avançada.
3 - Abertura do Mercado Livre
Espera-se que, até 2030, todos os consumidores tenham a possibilidade de escolher seu fornecedor de energia elétrica.
Esse movimento de abertura do mercado trará maior concorrência entre os fornecedores de energia e a necessidade de incluírem soluções digitais nas suas propostas de valor para, assim, ganhar a preferência do consumidor.
Com isso, as soluções de telemetria, gestão do consumo e analytics ganharão destaque também no setor residencial.
A Internet das Coisas (IoT)
Não para por aí. O mercado global de medidores inteligentes também crescerá por conta da maior inclinação do consumidor para redes de monitoramento.
No caso, são redes baseadas na Internet das Coisas (IoT) e esse crescimento, por si só, provocará o aumento da demanda pelos dispositivos.
Com isso, a indústria fabricante desses medidores também crescerá no Brasil. Em tempo: consultorias estimam que globalmente o mercado desses dispositivos deverá ultrapassar a marca de US$ 55,7 bilhões.