Por que armazenar energia renovável é estratégico e urgente para o Brasil   

Quase 90% da eletricidade ofertada no país é de fontes limpas, mas é preciso investir em estocagem

Crédito da imagem: Governo Federal

O avanço da eletricidade produzida por fontes renováveis cresce sem parar e o Brasil só tem a agradecer. Isso porque elas representam nada menos do que 90% da matriz elétrica do país. 

Mas o que é mesmo fontes renováveis? 

São as matérias-primas que, ao contrário das fósseis (carvão e petróleo), esbanjam limpeza em termos de emissões de formadores dos gases de efeito estufa, tipo o dióxido de carbono (CO2). Exemplos de renováveis: hidráulica (usinas hidrelétricas), solar (fotovoltaica, no jargão técnico), eólica (vento) e biomassa (principalmente bagaço de cana-de-açúcar). 

Projeção do Ministério de Minas e Energia indica que em 2022 as renováveis somaram por baixo 86,3% da oferta interna de energia. Desse montante, as hidrelétricas estão em primeiro lugar (62% do total), seguidas pelas eólicas (11,4%), bioeletricidade de biomassa (7,9%) e pela solar (4,2%).

Confira a projeção da oferta interna em 2022


Fonte: Ministério de Minas e Energia (clique aqui para acessar o documento)


Avanço sem recuo 

A geração de eletricidade renovável não deve sofrer recuos no Brasil, principalmente nas fontes solar e eólica que, diga-se de passagem, têm custo menor de implantação diante a hidráulica e a biomassa. 

Ainda assim, a biomassa tem chances sólidas de ampliar a oferta porque apenas 20% dos resíduos de cana geram eletricidade exportada para a rede de distribuição. Leia aqui mais a respeito dessa fonte sucroenergética. 

Tem outro motivo de aceleração: a chamada Geração Distribuída (GD), que inclui os produtores independentes de energia (caso das placas solares nos telhados), favorece principalmente a fonte solar e, por isso, essa eletricidade não tem motivos para parar de crescer. 

Isso é bom, ótimo, para o parque gerador de energia do país  atender a todos os setores, caso, também, da indústria eletroeletrônica. 

Mas tem uma barreira no meio desse mar de otimismo. 

Ela atende pelo adjetivo intermitente, aquele que interrompe para recomeçar logo logo. É o caso do sol, que vai embora no entardecer, ou dos ventos nem sempre presentes. A eletricidade dessas fontes tem começo e fim de geração no dia. Mas não quer dizer que é preciso consumi-la de pronto. Isso porque basta investir em armazenagem. São sistemas de armazenamento (storage) cujo papel é um só: guardar eletricidade para disponibilizá-la quando houver demanda. Desta forma, promovem uma balança entre a oferta e procura, sem que haja mais eletricidade disponível do que a necessidade. 

Entre os exemplos de armazenagem estão as tradicionais baterias, que podem ser conectadas em sequência para abrigar mais eletricidade; e sistemas de bombeamento hidrelétrico. Fiquemos nas baterias. Elas exigem investimentos em tecnologia para se adequarem aos tempos de renováveis. 

O Grupo Moura, tradicional fabricante do setor, investe no controle da frequência de energia distribuída e, no caso, em acumuladores de sistemas elétricos.

Um desses aportes é na linha de baterias de lítio, com controle de frequência no qual, conforme a empresa, é possível realizar o deslocamento de demandas energéticas.
Outro exemplo nessa linha é a técnica Peak Shaving: usada para reduzir o consumo de energia elétrica durante períodos de demanda máxima no utilitário de eletricidade. 

A fabricante será expositora na FIEE, principal feira de soluções em Automação & Conectividade e Equipamentos Elétrico & Eletrônico, programada entre os dias 18 a 21 de julho de 2023 na São Paulo Expo. E destaca que entre as principais aplicações dos equipamentos estão: 

  • estabilização de redes;

  • suporte operacional de redes;

  • qualidade e confiabilidade de abastecimento;

  • transferência de carga e

  • suporte na integração de energia renovável intermitente. 

Potencial de duplicação

Vale lembrar que os investimentos em estocagem de energia renovável, caso os citados pela Moura, são tão estratégicos quanto a produção dessa eletricidade. Tem aí outra projeção em sentido com o tema deste texto: estudo da Agência Internacional para as Energias Renováveis (IRENA) destaca potencial de duplicação da difusão de energias renováveis entre 2017-2030.

Ocorre que, conforme a entidade, essa projeção deverá ser acompanhada por uma triplicação do estoque de energia elétrica disponível nos sistemas de armazenamento. Em números globais, de 4,67 terawatt-hora (TWh) em 2017 para 15,72 TWh em 2030.